quinta-feira
Pecado é renunciar
quarta-feira
Borboletas na sala
segunda-feira
Apimentando a relação
domingo
Goles de Você
sexta-feira
Cantos e recantos
quinta-feira
Invólucro vazio
segunda-feira
Amor entregue às tralhas
A paciência cansou da inércia,
abriu asas, alçou vôo.
Desistiu de esperar sozinha
um dia que nunca chega,
um tempo que nunca passa,
um dito que jamais fora dito,
nem mesmo em sinais de fumaça.
O não dito que ficou no ar,
de um momento que se esperava,
daquilo que não fora nem nunca será.
A paciência partiu só,
do mesmo jeito que chegara,
se fora, sorrateira esperança.
Não levou consigo nem lembrança,
nem sombra, nem cor, nem mácula.
Não quis ser espelho de Jó,
não quis ser depósito do pó,
Camada de poeira pendendo sobre tudo.
sobre seres imóveis pela dormência,
acomodados por excelência.
A paciência mudou e levou no alforje
tudo que lhe pertencia, tralhas de toda sorte
Não deixou marcas onde armara estadia.
Foi e não volta mais, saiu em busca de paz.
Em ponto de exaustão, findou paciência
esgotou o limite da tolerância,
por pura falta de movimento.
Amor em espera, vai apodrecendo,
Sem mãos que o cultivem o amor,
abraçado à preguiça e o torpor,
vê adoecer e morrer sementes de genuíno Amor.
sexta-feira
Namorado da Noite
quinta-feira
Tuas mãos de Neruda
"Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?
Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.
A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem."
Dia em que a paixão toca,
noite que a saudade avassala,
tão forte que a voz me cala,
nessa hora, uso os versos de Neruda.
Sempre me serve de arauto,
quando me toma de assalto
essa saudade sem fim,
esse vazio de todos,
esse vazio em mim.
Poeta mor da paixão,
empresta-me teus doces versos,
tão cheio de calor, cobertos
da mais insana loucura.
Que falem por mim agora,
ecoem a esmo a saudade que me tortura.
Arauto de minha paixão, doce poeta Neruda!
quarta-feira
Terra e arado
terça-feira
Fino trato
sexta-feira
Poema triste para você
aβsynto Vocέ by K4AKIS'Production
quarta-feira
Noite Infernal... Luxúria
Insones ouvem e se pertubam,
A noite vai se entregando,
os corpos se entregando,
as molas vão rangendo,
os gemidos ressoando
os insones incomodados,
os sons,
os sons,
os sons,
os sons,
De repente,
o silêncio.
Os insones, do quarto ao lado
se incomodam com o silêncio.
Ali, naquele quarto, paz.
Molas descançam,
corpos adormecem.
A lua segue cúmplice e só,
espera a chegada do Sol.