aβsynto Vocέ: Tuas mãos de Neruda

 

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.Há também quem garanta que nem todas, só as de verão.Isto não tem muita importância. O que interessa mesmo são os sonhos..."

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quinta-feira

Tuas mãos de Neruda



"Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem."

Hoje é dia de Neruda.
Dia em que a paixão toca,
noite que a saudade avassala,
tão forte que a voz me cala,
nessa hora, uso os versos de Neruda.

Sempre me serve de arauto,
quando me toma de assalto
essa paixão que alucina,
essa saudade sem fim,
esse vazio de todos,
esse vazio em mim.

Poeta mor da paixão,
empresta-me teus doces versos,
tão cheio de calor, cobertos
da mais insana loucura.
Que falem por mim agora,
ecoem a esmo a saudade que me tortura.
Arauto de minha paixão, doce poeta Neruda!


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Cicatriz

Quem disse que mudei? Não importa que a tenham demolido. A gente continua morando na velha casa em que nasceu.

   Mário Quintana [pensador] www.pensador.info

 
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