Chora pelo que jaz morto,
entrega ao pó o que é pó.
Não adianta o pranto,
nem reza e vela pra tanto.
Morreu, acabou,
deixa enterrar.
Nada pode fazer voltar
o que a vida te arrancou.
Desfaze de tuas memórias,
limpa gavetas, rasga os rascunhos,
vestígios ocultos que mantém guardado,
lembranças frágeis de breve passado,
que não se sabe se houvera.
Despeça sem choro
das sombras que te assombram
daquilo que se fora.
Agarrar-se aos restos é vegetar,
agonizar qual moribundo,
na esperança que algo aconteça.
Talvez uma alvorada, que desponta antecipada.
Quiçá primavera, onde a paineira floresça.
Mas não há alvorada, nem muda-se a estação.
Não há sol no céu, nem da paina há o botão.
Só as lembranças que teimam
em assombrar tua visão,
cobrindo com manto de dor,
tua vida na solidão.
Liberta dessa canga pesada,
que aprisiona teu coração
e atropela a caminhada.
Desfaze do que jaz morto,
exorciza essa paixão,
entrega o corpo ao chão.
Morreu, acabou...
Deixa enterrar.
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