O que me traduz,
quarta-feira
Inconfessável
O que me traduz,
segunda-feira
Amanhã, quem sabe...
O tempo parou ou serei eu,
quem estancou nessa altura.
Nem me adianto, nem retrocedo.
apenas me deixo ficar.
As horas passam,
o dia passa
e eu estanque.
Um mesmo pensar,
Um mesmo sentir,
Um mesmo estar
sem mesmo estar.
Um arrastar de dias
inúteis,
incontáveis
segundos...
Apenas segundos
sem enredo,
sem sentido,
sem vida,
sem rumo.
Aonde estarei indo?
Minha rota se perdeu,
minha bússola quebrou
meu norte ao sul,
meu sul a leste,
eu rumo a esmo,
largada à sorte,
ou falta dela.
Dias cheios
de alma vazia.
Vazia de si,
repleta de ti,
inefável sentir.
Quem sabe,
amanhã...
aβsyntoVocέ by K4AKIS'Production
sexta-feira
Prodígio
terça-feira
A luz se foi...
§ "A luz se foi e agora nada mais resta a não ser esperar por
um novo sol, um novo dia, nascido do mistério do tempo
e do amor do homem pela luz".
Gore Vidal- "Juliano" (1964)
Sombras e Poesias
segunda-feira
É uma pena você não estar comigo
quando olho o relógio e já são cinco
e termino a planilha e penso dez minutos
e estico as pernas como todas as tardes
e faço assim com os ombros para relaxar as costas
e estalo os dedos e arranco mentiras.
É uma pena você não estar comigo
quando olho o relógio e já são cinco
e eu sou uma manivela que calcula juros
ou duas mãos que pulam sobre quarenta teclas
ou um ouvido que escuta como ladra o telefone
ou um tipo que faz números e lhes arranca verdades.
É uma pena você não estar comigo
quando olho o relógio e já são seis
Você podia chegar de repente
e dizer "e aí ?" E ficaríamos
eu com a mancha vermelha dos seus lábios
você com o risco azul do meu carbono.
Ψolhos Pensantes: Você é contra ou a favor do Aborto
quinta-feira
Minhas palavras, outras vozes
Busco ávida por poemas não lidos,
neles, resposta minhas
em dizeres alheios.
A palavra mal absorvida,
A emoção mal resolvida.
Acordo Clarice,
durmo Cecília,
eu,revisited em Pessoa,
em sua, minha angústia.
Tento buscar em outras
bocas, outras vozes,
velhas palavras,
que se esconderam,
quando deviam se expor.
Emoção que se desnudaram...
quando precisavam se recolher.
Vozes que explodiram...
quando o melhor era calar.
Leio Neruda, sonetos
que exaltam amor.
De Quintana,busco a sabedoria
leve e livre, de Drummond
a doçura,que me alcança,
me amansa, como um bolero de Ravel,
e preenche o oco do carinho seu.
aβsyntoVocέ by K4AKIS'Production
segunda-feira
Ponto de Ebulição
Ponto de ebulição!
sábado
Musica que encanta...
sexta-feira
Círculo eterno
Rumino s minhas mazelas,
busco alforria da dor.
Sinto-me tola, atolada,
presa em armadilhas
que eu mesma criei.
Qual ave sob alçapão,
se debate aflito em mim
um coração, agitado no peito,
refém da própria emoção.
Na busca do porto seguro,
optei pelo corpo seguro.
Preciso aportar, sobreviver
à angustia de querer.
a busca insana, infundada.
Perdi minhas coordenadas
vagando em círculos eternos.
Delírio e verdade se fundiram
e me confundiram. Voei e me perdi.
Vivi náufrago de meu próprio sentir.
De amarras solta a vida conduz
meu destino, o de alguém comum,
amores possíveis, dores previsíveis.
Um sábado para sair, um domingo
para dormir e poucas desgraças,
depois da utopia, isto me basta.
quinta-feira
Amor em fúria
AMOR EM FURIA
quarta-feira
Adeus!
ADEUS
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.