
O que me traduz,
"Pecado é provocar desejo e depois renunciar."
"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.Há também quem garanta que nem todas, só as de verão.Isto não tem muita importância. O que interessa mesmo são os sonhos..."
§ "A luz se foi e agora nada mais resta a não ser esperar por
um novo sol, um novo dia, nascido do mistério do tempo
e do amor do homem pela luz".
Gore Vidal- "Juliano" (1964)
Busco ávida por poemas não lidos,
neles, resposta minhas
em dizeres alheios.
A palavra mal absorvida,
A emoção mal resolvida.
Acordo Clarice,
durmo Cecília,
eu,revisited em Pessoa,
em sua, minha angústia.
Tento buscar em outras
bocas, outras vozes,
velhas palavras,
que se esconderam,
quando deviam se expor.
Emoção que se desnudaram...
quando precisavam se recolher.
Vozes que explodiram...
quando o melhor era calar.
Leio Neruda, sonetos
que exaltam amor.
De Quintana,busco a sabedoria
leve e livre, de Drummond
a doçura,que me alcança,
me amansa, como um bolero de Ravel,
e preenche o oco do carinho seu.
aβsyntoVocέ by K4AKIS'Production
Rumino s minhas mazelas,
busco alforria da dor.
Sinto-me tola, atolada,
presa em armadilhas
que eu mesma criei.
Qual ave sob alçapão,
se debate aflito em mim
um coração, agitado no peito,
refém da própria emoção.
Na busca do porto seguro,
optei pelo corpo seguro.
Preciso aportar, sobreviver
à angustia de querer.
a busca insana, infundada.
Perdi minhas coordenadas
vagando em círculos eternos.
Delírio e verdade se fundiram
e me confundiram. Voei e me perdi.
Vivi náufrago de meu próprio sentir.
De amarras solta a vida conduz
meu destino, o de alguém comum,
amores possíveis, dores previsíveis.
Um sábado para sair, um domingo
para dormir e poucas desgraças,
depois da utopia, isto me basta.
AMOR EM FURIA
ADEUS
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado".
William Shakespeare