Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro,
muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!
E não se quer pensar!
... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem,
dentro de nós ...
Querer apagar no céu
– ó sonho atroz!_
O brilho duma estrela, com o vento! ...E não se apaga, não ... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga ...
Vem sempre perguntando:
“_O que te resta? ...”
Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!
Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"
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